Uma receita para medir o ensino

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

A avaliação da qualidade de um produto ou serviço depende da definição do que é medido e da régua usada.

A Folha se debruçou sobre o ensino superior usando uma metodologia inédita, baseada em rankings internacionais e adaptada ao contexto brasileiro.

Foram classificadas 232 instituições de ensino superior brasileiras, sendo 41 faculdades e centros universitários e 191 universidades -instituições com foco em pesquisa e autonomia de ensino, conforme definição do MEC.

As 191 universidades estão listadas em um ranking geral feito a partir de quatro indicadores desenvolvidos pela Folha. Juntos, eles somam cem pontos: produção científica (55 pontos), inovação (5 pontos), reputação no mercado (20 pontos) e qualidade de ensino (20 pontos).

Os dois primeiros indicadores estão ancorados em um levantamento de dados relacionado à quantidade e à qualidade da produção acadêmica das universidades.

Entram na conta, por exemplo, o número de artigos científicos produzidos e a quantidade de professores com doutorado no corpo docente da instituição.

Esse trabalho foi coordenado pelo bioquímico da USP e especialista em análise de produção científica Rogério Meneghini. Ele também é coordenador acadêmico da base Scielo, que reúne 260 periódicos científicos nacionais, incluídos no levantamento do RUF para dar um tempero local à métrica.

Os dois últimos indicadores, de reputação no mercado de trabalho e de qualidade de ensino, foram desenvolvidos a partir de entrevistas feitas pelo Datafolha com pesquisadores e com executivos de Recursos Humanos.

Foram consultados 597 pesquisadores com grande produção, de acordo com o CNPq, a maior agência de fomento à ciência do país.

Também foram ouvidos 1.212 responsáveis pelo setor de Recursos Humanos de empresas, escolas e outras instituições que contratam profissionais nos 20 cursos que mais formam no país, como administração e direito.

Os dois grupos, o de pesquisadores e o de especialistas em mercado de trabalho, listaram as instituições de ensino consideradas melhores por eles –universidades, faculdades ou centros universitários– na área em que atuam profissionalmente.

As instituições que tiveram pelo menos três menções nessas entrevistas feitas pelo Datafolha foram consideradas na classificação.

ANÁLISES ESPECÍFICAS

O RUF traz, ainda, análises específicas sobre o ensino superior brasileiro em cada um dos quatro indicadores desenvolvidos pela Folha.

É possível ver, por exemplo, no recorte do indicador de produção científica, qual a universidade mais produtiva em termos acadêmicos.

Outra possibilidade é verificar nas análises do Datafolha qual é a melhor instituição de ensino de acordo com a perspectiva do mercado de trabalho. Ou quais são as melhores escolas superiores do ponto de vista apenas de quem dá aula.

REPUTAÇÃO

A avaliação qualitativa do ensino superior ganhou destaque com o lançamento do ranking global THE (Times Higher Education), um dos que inspiraram o RUF. Ele inclui entre seus indicadores uma enquete feita com docentes de 137 países.

"Isso dá credibilidade aos rankings. É fácil manipular dados em bases, mas as respostas dos entrevistados não podem ser alteradas", diz Phil Baty, editor do THE.

As outras classificações que serviram de modelo foram a britânica QS (Quacquarelli Symonds) e a chinesa ARWU (ranking de Xangai).

Editoria de Arte/Folhapress
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