Grande e rica, USP domina

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

O orçamento anual de R$ 3,9 bilhões é equivalente à verba estadual para a habitação e à da cultura somadas. A área dos campi de 76 km2 é maior que a de 5% dos municípios do Estado. É a maior formadora de doutores no mundo (2.214 ano passado).

Essa estrutura robusta impulsionou a USP ao topo do RUF, tanto na lista geral quanto em 3 dos 4 subindicadores analisados.

Ganhou em qualidade de ensino e de pesquisa científica e na reputação no mercado de trabalho. Perdeu apenas para a Unicamp, em inovação (número de patentes).

Uma das bases para esse desempenho é a forma estável com que a USP é financiada, aponta o reitor da universidade, João Grandino Rodas.

Por lei, a instituição recebe 5% do ICMS paulista (principal imposto estadual).

É esse percentual que deverá garantir quase R$ 4 bilhões do governo do Estado à universidade neste ano.

Eduardo Knapp/Folhapress
Praça do Relógio, um dos símbolos da USP; instiuição encabeça 3 dos 4 indicadores que compõem o ranking
Praça do Relógio, um dos símbolos da USP; instiuição encabeça 3 dos 4 indicadores que compõem o ranking

Outra vantagem para a instituição é ter mais liberdade para decidir onde injetar seus recursos (assim como a Unesp e a Unicamp).

Normalmente, as universidades públicas do país dependem de negociações com o Executivo para definir seus recursos. Ficam à mercê de decisões e mudanças políticas. E dependem de autorizações dos governos para remanejar seus orçamentos.

"Podemos definir que teremos programa próprio para financiar nossas pesquisas ou alterar o plano de carreira de professores e funcionários", afirmou Rodas, referindo-se a projetos recentemente implementados.

"A USP é disparada a melhor instituição da América Latina. A desvantagem disso é que ela não pode se contentar em ter relevância regional, precisa ter mais impacto nos demais centros", afirma a pesquisadora da USP Elizabeth Balbachevsky, uma das principais analistas brasileiras sobre sistemas internacionais universitários.

"Há estrutura e recursos para estar entre as cem melhores do mundo", diz.

A instituição aparece na maioria dos rankings internacionais como a melhor universidade do país, mas na lista do THE (Times Higher Education), por exemplo, está na 178ª posição mundial.

ENSINO

O reitor vê no ensino o ponto a ser melhorado para que a USP suba nas listas internacionais. A pesquisa, afirma, é o que "tem segurado" a instituição entre as melhores.

Para Rodas, as unidades da USP devem inclusive discutir se devem manter as atuais vagas oferecidas. E se não é o caso de extinguir cursos para dar lugar a outros.

Outro ponto a ser aprimorado, afirma, é a integração entre as suas 48 faculdades, institutos e centros.

"A criação da universidade ocorreu justamente para integrar os conhecimentos. E isso fica mais evidente hoje, em que as grandes pesquisas são multidisciplinares."

Para José Goldemberg, ex-reitor da USP, a escola deve conter o crescimento no número de alunos. "Não há universidade de ponta no mundo que seja muito grande."

A instituição possui 65 mil graduandos. A federal de Minas, segunda no RUF, 27,9 mil; Harvard (EUA), 7 mil.

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