Geografia da desigualdade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Levantamento feito pela Folha aponta que a primeira universidade do Nordeste, a Federal de Pernambuco, tem apenas 21% do orçamento da USP. A desigualdade também aparece quando comparada com a segunda melhor do ranking e do Sudeste, a UFMG, que tem 41% do orçamento da USP. O Sudeste tem 80 das 191 universidades do ranking. Do Sul, 46 aparecem na lista e do Nordeste, 35. Já o Norte conta com 16, seguido do Centro-Oeste, que abriga 14 universidades.

Confira o diferencial das melhores instituições em cada região

NORTE

Universidade Federal do Pará (UFPA)
Posição no RUF: 24ª
Orçamento público previsto para 2012: R$ 821.013.578

Fundada em 1957, a principal instituição do norte tem 226 cursos abertos e mais de 33 mil estudantes matriculados. Segundo o reitor Carlos Edilson de Almeida Maneschy, o foco da universidade mais concorrida da região, que tem média de oito candidatos por vaga, é o desenvolvimento da Amazônia, com estudos sobre línguas indígenas, geologia da região e medicina tropical, entre outros que beneficiem a capital e as regiões interioranas. "A universidade tem 11 campi espalhados pelo Estado, que descentralizam a oferta de cursos e promovem um fenômeno de criação de novas universidades. A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), atualmente o campus de Marabá da UFPA, está para se tornar a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)", conta. A instituição já trabalha com o modelo de cotas proposto pelo Senado Federal, com 50% das vagas para alunos que cursaram todo o ensino médio na rede pública de ensino. Para o reitor, o programa "contribui para diminuir a desigualdade social na região".

NORDESTE

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Posição no RUF: 10ª
Orçamento público previsto para 2012: R$ 800 milhões

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fundada em 1946, se assume como uma universidade local. Para o reitor, Anísio Brasileiro de Freitas Dourado, essa política ajuda a manter a qualidade dos cursos da instituição. "Buscamos responder aos desafios da formação de Recursos Humanos da região. A necessidade atual é a formação de engenheiros, que são a demanda das empresas", explica. A especialização nesse setor garantiu a UFPE parcerias com empresas locais e com a Petrobras, que oferece bolsas para estudantes de química, geociências e engenharia de petróleo. Além disso, a instituição recebeu, em 2005, R$ 221,5 milhões para a ampliação dos cursos e campi. Nos últimos anos, firmou parceria com universidades da África e da América Latina para colaboração e intercâmbio em todos os cursos.

CENTRO-OESTE

Universidade de Brasília (UnB)
Posição no RUF:
Orçamento público previsto para 2012: R$ 1,3 bilhões

Primeira universidade na capital do país, a UnB foi fundada em 1962 e oferece 124 cursos. Em 2010, registrou 24.065 matrículas em seus quatro campi e teve concorrência de 8,1 candidatos por vaga no vestibular. Foi a primeira instituição federal a usar sistema de cotas raciais para ingresso de negros e indígenas. Atualmente forma cerca de 3.500 cotistas. Para o reitor, José Geraldo de Souza Júnior, a área de destaque da UnB é a de ciências humanas e sociais. "Esses setores têm alta qualificação docente. Mas não somos uma universidade humanista", afirma. Em julho deste ano, a UnB conquistou o 25ë lugar no ranking das melhores instituições da América Latina feito pelo QS, grupo britânico responsável por uma das principais classificações universitárias do mundo, a Top Universities.

SUDESTE

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Posição no RUF:
Orçamento público previsto para 2012: R$ 1,6 bilhões

A segunda melhor universidade do país foi fundada em 1927 e tem atualmente 151 cursos em três campi. Destaca-se na região Sudeste como a maior instituição pública em número de alunos, com mais de 27 mil estudantes. De acordo com o reitor, Clélio Campolina Diniz, os focos da UFMG são a pesquisa e a inovação. "Nossos pesquisadores trabalham na geração de conhecimento e pesquisam patentes que possam beneficiar a sociedade, procurando transformar a teoria em produtos de acesso público. As vacinas são um exemplo disso", explica. Não à toa, a universidade está na lista das mais requisitadas pelo mercado na área de biológicas, principalmente por conta das faculdades de enfermagem, fisioterapia, odontologia e medicina. Esse último curso teve relação de 50 candidatos por vaga no último vestibular. Outros destaques são as faculdades centenárias, entre elas a de direito.

SUL

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Posição no RUF:
Orçamento público previsto para 2012: R$ 1,1 bilhões

Principal universidade do sul do país, a UFRGS é também a mais antiga da região, com início das atividades em 1934. Atualmente tem mais de 23 mil alunos matriculados em 112 cursos e mantém sistema de cooperação internacional com 36 países. Para o reitor, Carlos Alexandre Neto, a crescente internacionalização ajuda a firmar o nome da universidade no Brasil e fora dele. "Temos parcerias nos cinco continentes e, desde o primeiro ano da graduação, os estudantes podem participar de programas de intercâmbio. Enviamos cerca de 600 alunos ao ano para o exterior e tivemos o maior grupo na primeira turma do programa Ciência sem Fronteiras", afirma. De acordo com Neto, os cursos mais bem conceituados estão na área de saúde. Faculdades de medicina, biomedicina, nutrição, veterinária e odontologia ajudam a alavancar a nota da instituição tanto em pesquisa quanto em inovação Ðcom patentes de próteses e vacinas, entre outras. (BIANCA BIBIANO)

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