Instituições e empresas formam sob medida quem não acham no mercado

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A falta de profissionais ou de qualificações específicas tem feito com que empresas e instituições abram seus próprios cursos de graduação.

O objetivo, segundo os coordenadores das iniciativas, é formar profissionais para o mercado e, de quebra, preencher suas próprias vagas com egressos dos cursos.

O Sesi (Serviço Social da Indústria) paulista é uma das instituições que aderem agora à proposta: está com inscrições abertas para sua primeira graduação, de formação de professores.

De acordo com o diretor da Faculdade Sesi-SP, Cesar Callegari, a ideia é oferecer um currículo que repare as principais falhas detectadas pelo Sesi ao contratar professores. A graduação, por exemplo, será mais prática que de costume, com residência desde o primeiro ano da faculdade.

Os professores formados por lá poderão ocupar vagas no quadro do próprio Sesi, "automaticamente".

Para quem perde anualmente cerca de 5% dos seus 5.000 professores, a iniciativa pode ser uma boa saída.

O Sesi-SP tem forte inspiração no hospital Albert Einstein, que há quase 30 anos oferece um curso de graduação em enfermagem.

Porque é pouco conhecido no mercado –justamente por empregar, no próprio Einstein, quase todos os seus ex-alunos–, o curso perde pontos na avaliação do RUF.

No ranking geral de enfermagem, o Einstein está em 56º lugar. Mas, se levado em conta apenas o indicador do ranking calculado a partir da nota do Enade, sobe para 20º.

Neste ano, a faculdade deu um passo mais ousado com a implementação da graduação em medicina. A ação começou com processo seletivo que teve até entrevistas.

"Queremos um médico que saiba trabalhar em equipe e de maneira multidisciplinar", afirma Alexandre Holthausen, diretor da Faculdade de Ciências da Saúde Albert Einstein.

Na mesma linha tem trabalhado a Faculdade Cultura Inglesa, que forma em 2017 a sua primeira turma de professores de língua inglesa. O programa surgiu por demanda da própria instituição.

"Os professores que chegam não têm mais a mesma qualidade", afirma Lizika Goldchleger, gerente executiva da instituição. A Cultura teve de dobrar a quantidade de horas do curso de treinamento dos novos professores.

O deficit surge na didática, no conhecimento da língua inglesa e nas capacidades "não cognitivas", como resolver conflitos na sala de aula.

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